MEDICINA CHINESA

A ESTRELA DE CINCO PONTAS

 

Tudo o que se quer entender carece de um mínimo de arrumação. Os chineses de antigamente, muito apaixonados pela observação e classificação dos fenômenos da natureza, arrumaram o mundo primeiro em yin e yang, a quietude e o movimento, o sombrio e o luminoso, o vazio e o cheio, a água e o fogo. Essa forma de pensar, a princípio estranha, se torna simples e vigorosa quando nos acustumamos com ela - ou melhor, quando percebemos que yin e yang não são forças opostas e distintas mais qualidades inseparáveis de um mesmo processo, você joga a bola para cima, herói, e enquanto há impulso ela sobe, e isto é yang, acaba o impulso ela para de subir e cai, e isto é yin. Yang: movimento. Yin: quietude. Nada é yin ou yang o tempo todo, quando um atinge sua expressão máxima, se transforma no outro. Como uma onda no mar, que começa de vagarinho, vai crescendo, mostra sua força, atinge seu máximo - e quebra, deixando despencar aquele monte de água e espuma. Como o sol que vai subindo no céu até ficar a pino, e então começa a descer. Yin e Yang refletem as mutações contínuas do próprio universo e nos dão a chave para compreender uma realidade sempre relativa, cheia de novidades e surpresas, e entretanto constante em seus ciclos temporais.

Durante muito tempo foi assim; yin e yang, em sua infinita flexibilidade, eram o modo oficial do pensamento. Mas aos poucos foram aparecendo, e finalmente se escancarou há cerca da três mil anos, uma outra forma de arrumar o mundo - sempre compatível com yin e yang, mas definida em cinco setores que abrangem simplesmente tudo.

Por que cinco e não quatro ou seis? Porque esses novos pensadores prestaram muita atenção a certos detalhes. Por exemplo: os pontos cardeais, que sempre se diz que são quatro, para eles são cinco - norte, sul, leste, oeste e centro. Pois que seria das direções se não houvesse um centro como ponto de partida? Outro detalhe: as estações do ano. Onde todo mundo viu quatro eles viram mais uma, o final do verão, que tem características de todas as estações e se faz notar também, embora menos intensa, no final da primavera, do outono e do inverno.

No funcionamento do corpo humano perceberam cinco órgãos fundamentais, cada qual constituindo, com seu meridiano, um centro sutíl de energia: fígado, coração, baço, pulmões e rins. Viram que estes órgãos atuam em parceria com cinco outros: vesícula biliar, intestino delgado, estômago, intestino grosso e bexiga. Notaram que cada um dos cinco setores é mais sensível a um tipo de clima: vento, calor, humidade, secura ou frio. Mais ativo num período do dia: manhã, meio dia, tarde anoitecer, ou noite. Favorece diferentes atitudes: planejamento, comunicação, reflexão, ordenação, vontade. E traz consigo um sabor - ácido, amargo, doce, picante ou salgado - que vai influir decisivamente na nossa vida, já que sua presença reforça, sua ausência enfraquece e seu excesso desequilibra a energia daquele setor dentro de nós.

Essa arrumação do mundo em cinco partes é representada por uma estrela de cinco pontas, cada uma das quais recebe o nome do elemento natural que mais se identifica com aquela maneira de ser. Àgua para aquela energia que é fria, fluida, pesada, escura, yin. Madeira para a energia morna que brota, sobe. ocupa, determina espaços - o começo do movimento yang. Fogo para a energia quente, leve, luminosa e exuberante que se espalha com facilidade: yang. Terra para a energia neutra sobre a qual tudo repousa, estabilizadora, receptiva. Metal para a energia fresca e seca que desce, concentra, contrai - o começo do yin.  (HIRSCH, Sonia - Manual do Herói, pg - 12 e 13).


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